O presidente nacional do Democratas, ACM Neto, rebateu, em nota, a entrevista publicada nesta segunda-feira (8) pelo jornal Valor Econômico, com o deputado Rodrigo Maia (RJ), que fez uma leitura da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados e o chamou de traidor, alegando que ele teria entregado o partido de “bandeja” ao Planalto. Segundo Neto, a leitura de Maia “não corresponde aos fatos” e garante que não houve traição da Executiva do Democratas, nem adesão ao governo Bolsonaro.
“Nada mais distante da realidade do que a narrativa que ele vem tentando estabelecer. Não houve traição da Executiva do Democratas, nem adesão ao governo Bolsonaro. Infelizmente, o deputado Rodrigo Maia tenta transferir para a presidência do Democratas a responsabilidade pelos erros que ele próprio cometeu durante a condução do processo de eleição da Mesa Diretora da Câmara”, diz Neto na nota.
Ainda segundo o texto, Neto afirma que Maia tenta transferir as responsabilidades pelo seu fracasso e nega que insistiu, até o último momento, na possibilidade de conseguir o aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para se perpetuar no cargo de presidente da Câmara.
“Todos sabem que Rodrigo Maia tinha um único candidato à presidência da Câmara, que era ele mesmo. Quando o STF derrubou a possibilidade de reeleição, o deputado perdeu força para conduzir sua sucessão e chegou ao final do processo contando com o apoio de apenas um terço da bancada do seu próprio partido. Rodrigo, que tinha a fama de grande articulador, fracassou nessa empreitada. Essa é a realidade. Ao invés de escutar quem sempre esteve ao seu lado, e fazer com serenidade e honestidade o exercício da autocrítica, o deputado Rodrigo Maia se encastelou no poder conquistado e, agora, demonstra surpreendente descontrole. A falta de grandeza e a deslealdade causam profundo estranhamento”, continua a nota.
Segundo Neto, a mais grave de todas as “falácias” da narrativa de Maia é exatamente a de procurar “jogar no colo do Democratas” uma conta que “não é nossa”.
“Ganhar e perder é próprio da vida e da política e, no entanto, as atitudes de Rodrigo Maia lembram os tristes exemplos de políticos que se recusam a reconhecer derrotas e não querem se desapegar do poder. O Democratas é um partido que não tem dono, não somos um cartório. Como presidente, e sem ter um mandato parlamentar neste momento, não posso ser maior que o conjunto da bancada”, completa o ex-prefeito de Salvador, que lamentou as declarações do parlamentar durante a entrevista ao Valor.
“Por fim, lamento muito as palavras do deputado Rodrigo Maia e acrescento que não guardo rancor ou ódio de ninguém, porque não me permito ficar refém de sentimentos tão negativos. Diferentemente do que preconizam vozes preconceituosas, ou ingênuas, minha vida pública sempre foi pautada pelo diálogo, pelo entendimento e pelo exercício do equilíbrio entre a razão e a emoção. Torço muito para que o deputado Rodrigo Maia reencontre o equilíbrio e a serenidade. Rodrigo Maia foi um presidente da Câmara importante para o Brasil e dá pena vê-lo deixar, de forma tão lamentável, a posição de liderança que exerceu”, finalizou Neto na nota.