Moradores de um pequeno vilarejo ao norte de Kiev abandonaram suas casas e abriram as comportas de uma represa que inundou a localidade. A ação foi uma estratégia de combate às tropas russas que avançavam na região.
Imagens de satélites mostram o vilarejo de Demydiv, localizado a 46 km ao norte de Kiev, antes e depois das enchentes provocadas intencionalmente.
O primeiro registro da empresa americana Maxar Technologies, especializada em satélites, mostra que em 28 de fevereiro, quatro dias após a invasão russa, a área de Demydiv ainda estava seca.
Já novas imagens divulgadas pela companhia, de 22 de março, mostram que o vilarejo ficou “ilhado” e estradas e pontes da região acabaram submersas.
Em 19 de março, registros nas redes sociais mostravam diversas imagens deste pequeno vilarejo de cerca de 2.400 habitantes, debaixo d’água.
À época, o vice-prefeito do Oblast de Kiev – como é chamada toda a região da capital ucraniana -, Konstantin Usov, chegou a acusar os russos pelo rompimento da barragem.
“Na região de Kiev, os invasores destruíram uma barragem que protegia os vilarejos de inundar”, escreveu Usov em 19 de março em seu canal no Telegram.
“Como resultado, o vilarejo de Demydiv e as margens do Mar de Kiev estão quase completamente debaixo d’água e várias outras localidades estão ameaçadas”.
A Rússia nega ter como alvo infraestruturas civis.
A estratégia
Apesar de o discurso oficial ucraniano acusar os russos pelas inundações no norte de Kiev, analistas de guerra apontavam, já em março, que a medida poderia fazer parte da estratégia de defesa.
Em reportagem, o portal Business Insider destacou que a inundação de Demydiv poderia ter sido provocada para bloquear o avanço das tropas russas que avançavam em direção da capital Kiev.
“Não está claro o que causou as inundações, mas esta pode ser uma medida estratégica da Ucrânia”, escreveu a publicação em 23 de março.
Analistas ouvidos pelo jornal americano “The Washington Post” também concordavam com a hipótese de estratégia de guerra, o que chamaram de “guerra hidráulica”, para segurar o avanço russo.