Durante bate-papo para o programa Altos Papos de sexta-feira, 06, em homenagem ao dia das mães, a psicóloga Especialista em Saúde na Infância e Consultora em Amamentação, Lorena Viena, ressaltou a importância das pessoas não verem mães somente como progenitoras, mas também como mulheres com uma identidade e sentimentos além da maternidade.
“Ela [a mulher] é mãe, mas ela também é muitas outras coisas. E essas muitas outras coisas que ela quer ser, ela deseja ser, são importantes, inclusive para o maternar dela. […] Então quando a gente olha para essa mulher como o anexo do bebê, a gente falha demais com ela, porque a gente precisa escutá-la, a gente precisa saber como é que ela está. […] E, toda vez que a gente pensa no corpo da mulher, tudo o que está envolvido nessa questão de gestação e de pós-parto, tudo que a gente pensa, por exemplo, os órgãos da mulher, onde cabia o bebê, ficou vazio, esse vazio também está nela emocionalmente. E ela está vazia, no sentido desse bebê, que pertence a todo mundo agora, dessa mulher, que ela também renasce em absoluto com o nascimento do bebê, […] ela não sabe nem quem ela é ainda depois da chegada daquele bebê. […] Elas ficam num processo de desconhecimento de si mesmas. […] Então, a medida que ela vai conhecendo o bebê, ela também vai se reconhecendo, é por isso que é importante não olhar para ela só como mãe, é importante a gente olhar para ela como mulher”, afirmou.
Segundo Lorena, a experiência da maternidade é, sem dúvidas, um dos momentos mais importantes na vida da mulher. No entanto, também pode ser um dos mais preocupantes. Além de questões como depressão pós-parto e cobranças externas, conciliar a vida profissional com a materna é um dos grandes desafios enfrentados por diversas mulheres, principalmente por conta do preconceito e falta de compreensão no mercado de trabalho. Atualmente a população feminina no Brasil já são a maioria da população em geral e uma grande parte é responsável pelo sustento de sua família. O que torna essa realidade repleta de desafios, ao tentar conciliar vida pessoal, profissional, com o papel de mãe, em especial a maternidade. O Ministério da Saúde mostrou que o percentual das mulheres que optaram pela maternidade após os 40 anos, aumentou para 49,5% em 20 anos.
A psicóloga explica que é de grande valor a mulher contar com uma rede apoio, tanto para o bebê quanto para ela mesma. “É importante que a gente pense, assim, que a mulher, ela precisa trabalhar, muitas precisam fazer porque necessitam, outras fazem porque gostam, o que não significa dizer que ela não é uma boa mãe. Nunca se foi questionado ao homem, que saiu de casa para trabalhar, se ele é um bom pai. Nunca. Ele pode passar horas a fio fora de casa, ele pode, inclusive, passar semanas fora de casa, isso nunca foi questionado ao homem. O fato é que a criança precisa de alguém, então se desde que a mãe, ela sai para trabalhar, mas deixe essa criança com alguém que tenha afeto por essa criança, está tudo bem. E que quando ela retorne, ela dê qualidade de vínculo com essa criança, ela sente, ela brinque, ela se interesse por essa criança, ela se conecte, tudo na infância, tudo na criança, tudo em relação à parentalidade, conexão é a palavra chave”.